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Autoavaliação: como o estudante se avalia

Na Lumiar, prática é um dos componentes da avaliação integrada

 

Muita gente, quando ouve dizer que crianças do fundamental praticam a autoavaliação, já imaginam que o parecer dos pequenos costuma ser muito generoso em favor deles próprias. Engano. “A gente tem uma tendência a achar que a criança sempre vai dar uma nota lá em cima, dizer que foi o máximo. Mas não é isso que acontece. Elas são mais críticas em relação a elas mesmas do que nós os educadores”, compara Graziela Miê, diretora da Lumiar de Santo Antônio do Pinhal. 

 

Autoavaliação

 

“Muitas vezes, quando a criança nos diz que não foi muito bem, fazemos a ressalva dizendo que ele foi bem, sim. Mas o estudante sempre contra-argumenta” ‘É porque você não se lembra. Teve um ponto ali que eu não consegui'”, exemplifica diretora.

É um comportamento, explica Graziela, condizente com a realidade educacional em que as crianças estão inseridas. Ao saber que os comentários que farão não sinalizam uma nota final no boletim e o perigo de “ficarem de recuperação” ou “repetirem de ano”, os estudantes desenvolvem uma relação muito tranquila com o processo de avaliação.

“Eles têm bem claro que o feedback é para eles crescerem, saberem o que não conseguiram para depois conseguirem. Isso não quer dizer que não são inteligentes ou que fracassaram”, afirma a diretora.

 

Autoavaliação: como funciona

Na Lumiar, a autoavaliação é um dos componentes da avaliação integrada. Além dela, as evidências do desenvolvimento são registradas pelos educadores utilizando diferentes procedimentos e linguagens. Pode ser um questionário por escrito, um debate, uma roda de conversa, um esboço de uma planta de arquitetura ou uma dramatização, tudo aplicado de acordo com o contexto do projeto.

Com isso, formamos um rico portfólio individualizado, garantindo intencionalidade e oferecendo feedback constante. Todo o histórico do desenvolvimento do estudante fica registrado em nossa plataforma Mosaico Digital.

Como ferramenta pedagógica, a prática da autoavaliação é recorrente. A cada encontro a criança é convidada a fazer um diário de bordo, em que conta qual era o objetivo da atividade e como foi seu desempenho: desenvolver aquela habilidade foi difícil ou fácil, o que aprendeu, como foi o seu engajamento na atividade etc. 

Como a consciência e autonomia para realizar a autoavaliação se desenvolvem aos poucos, a mediação do tutor nesses momentos é imprescindível. 

Os tutores trazem algumas provocações para que a criança aprenda a se observar e a observar o grupo. Ela pode não ter aprendido muito porque estava com sono. Ou aprendeu porque o mestre era muito legal, porque o dia estava animado. Ou pode ter achado difícil porque não gostou do tema.

Além da prática cotidiana, existe a autoavaliação ao final de cada projeto. O encontro une tutor, mestre e estudante e é uma experiência ímpar de fala e escuta. Nesse encontro são revistas todas as habilidades mobilizadas e os conceitos estudados, além de sua colaboração para a conclusão do produto final. Espera-se também que o estudante reflita sobre a sua participação e postura frente aos combinados realizados em grupo, além de sua organização durante as etapas previstas nas modalidades – no que diz respeito a cumprimento de prazos, realização de tarefas etc.

“Se queremos formar cidadãos protagonistas, que tenham consciência de quem são e do que querem, e que consigam agir no mundo de forma autoral, responsável e efetiva, a autoavaliação é fundamental”, conclui Graziela. “Quando você consegue entender quem você é, o que quer, para onde está indo e quais são suas dificuldades, você consegue caminhar.”